Lula retoma obras da refinaria Abreu e Lima com ataques à Lava Jato

Ao participar da cerimônia de retomada de investimentos na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, o presidente Lula fez ataques a Lava Jato, cujas obras foram paralisadas após a operação apontar um esquema de corrupção, nesta quinta-feira, 18, e disse que houve “mancomunação entre juízes e procuradores brasileiros subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Segundo Lula, “esses agentes nunca quiseram que o Brasil tivesse uma refinaria”.

“A história ainda vai ser contada, porque você sabe que, muitas vezes, a história ainda leva anos, décadas e até séculos para a gente saber da verdade”, afirmou Lula, na cerimônia em que participaram a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, além de ministros de diversas pastas.

“Mas eu vou dizer uma coisa como presidente da República deste país: tudo que aconteceu neste país foi uma mancomunação entre alguns juízes deste país, alguns procuradores deste país, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras.”

Em seu discurso, Lula ponderou que houve “erros e acertos” na implantação da refinaria, e comemorou o fato de o Brasil retomar sozinho a obra. A refinaria nasceu como um projeto conjunto entre Brasil e Venezuela, para refino do petróleo do país vizinho ser utilizado no mercado brasileiro. As obras foram iniciadas em 2005, mas, dois anos depois, a Venezuela abandonou o projeto.

O petista também relembrou as duas vezes que foi preso: em 1980, no 19º dia da paralisação por reajuste salarial e estabilidade no emprego e em 2018, prisão que ocorreu após desdobramento da Operação Lava Jato. “As pessoas que me acusaram estão apodrecendo porque sabem que mentiram, e sabem que o inferno os aguarda por tanta mentira que eles contaram”, atacou.

Lula também se referiu, de forma indireta, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em mais de uma ocasião durante o discurso. “É preciso saber quanto dinheiro esse País perdeu nesses 10 anos de atraso desta empresa (refinaria), quantos salários deixaram de ser pagos, quanto que esse País perdeu na sua competitividade internacional, até chegar ao ponto da gente eleger um psicopata para ser presidente da República”, alfinetou. Lula também se referiu ao adversário como alguém que vive na “mentira, maldade e que ofende”. “Para ele todo mundo aqui é ladrão, todo mundo aqui é comunista, todo mundo aqui defende aborto, como se ele e os seus filhos fossem exemplo de familia nesse País”.  

Esquema de corrupção

O Brasil seguiu com a construção e, em 2014, inaugurou a primeira fase da refinaria, com capacidade para refino de 115 mil barris por dia. Naquele mesmo ano, o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, citou em delação premiada a existência de um esquema de corrupção nas obras de implantação da refinaria.

O esquema é relatado na denúncia que os procuradores da Lava Jato apontaram que Lula teria recebido propina por meio de um apartamento triplex no Guarujá. Na sentença que o condenou, o então juiz Sergio Moro usou as alegações do Ministério Público Federal para justificar a condenação, que mais tarde foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal.

A retomada das obras da refinaria foi aprovada pela Petrobras ainda durante o governo de Jair Bolsonaro.  O presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou que a conclusão das obras tem custo estimado entre 6 bilhões a 8 bilhões de reais. A Petrobras já gastou cerca de 90 bilhões na construção da refinaria.

De VEJA

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