Conselheiro da Vale denuncia “nefasta influência política” na empresa

Circula pelas mesas do mercado financeiro carta-renúncia endereçada ao presidente do Conselho de Administração da mineradora Vale, o conselheiro independente José Luciano Duarte Penido alega que o processo de sucessão da empresa tem sido “conduzido de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política“.
Em parte da carta, obtida pela Folha, Penido afirma que houve interferências na decisão de manter Eduardo Bartolomeo como CEO da Vale. O empresário seguirá no cargo até o final do ano, com 11 votos a favor e apenas dois contrários, sendo um deles dado pelo agora ex-conselheiro.

Penido, que era conselheiro da empresa desde 2019, alega ainda que “não acredita mais na honestidade de propósitos de acionista relevantes da empresa” e diz que “neste contexto, minha atuação como conselheiro independente se torna totalmente ineficaz, desagradável e frustante“.
– No Conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse – escreveu Penido.
O documento também fala sobre “frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa” e em “claro descompromisso com a confidencialidade”, sem citar nomes.